quinta-feira, maio 01, 2008

GUERRRILHEIROS DAS FARCs PODEM ENTRAR NA AMAZÔNIA.

Guerrilheiros das Farcs podem entrar na Amazônia
Coronel admite essa possibilidade em depoimento na Câmara.
Quinta, 01 de maio de 2008
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CHICO ARAÚJO
chicoaraujo@agenciaamazonia.com.br
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Situação da Amazônia preocupa, diz Souza Abreu /LUIZ ALVES

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BRASÍLIA - Pode haver ‘transbordamento’ (entrada) de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) para o território brasileiro. A hipótese foi levantada pelo coronel do Exército Gustavo de Souza Abreu na terça-feira, 29, durante audiência na Comissão da Amazônia da Câmara. Abreu é assessor militar do Departamento de Política e Estratégia do Ministério da Defesa.

Além da ameaça das Farcs, o coronel Souza Abreu fez outra revelação preocupante. Admitiu, sem qualquer cerimônia, que o contingente militar em atuação na Amazônia é insuficiente para proteger a região. O Exército mantém apenas 25 mil homens na Amazônia - o contingente no Rio é de 57 mil militares. Mas, segundo ele, “é possível haver um aumento nos próximos anos com a implantação do Plano Nacional de Defesa [previsto para setembro de 2008]”.

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Mesmo diante da situação, Souza Abreu diz que a Forças Armadas estão tranqüilas. Tudo porque, segundo ele, o Brasil leva vantagem nas operações militares. “Podemos não ter fuzis modernos, mas nosso homem é extremamente bem preparado”. Explicou ainda que os pelotões de fronteira do Exército têm a função de alertar para perigos. “Os pelotões de fronteira são como uma campainha. Sua função não é deter, é vigiar”, disse.
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A presidente da Comissão, deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), considera grave a situação e defende reforço policial e nos sistemas de vigilância e defesa da Amazônia. “Para garantir sua soberania, a Amazônia precisa também de políticas públicas eficientes e inovadoras, especialmente em saúde, educação e na área da produção sustentável”, ressalta. “Não existe proteção na Amazônia, se o seu povo não estiver protegido da fome e da miséria.”
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Situação é caótica
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A fragilidade exposta pelo coronel preocupa os deputados. Francisco Praciano (PT-AM) avalia que a fragilidade na fiscalização favorece o narcotráfico e a biopirataria. Atualmente, até a água do Rio Amazonas é contrabandeada para o exterior. Praciano diz que a saída é o urgente reaparelhamento das Forças Armadas e da Polícia Federal (PF) na Amazônia. Para ele, a situação é “caótica”: a PF não possui um helicóptero e o Ibama tem apenas quatro aviões para atender todo o País.
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Ilderlei Cordeiro (PPS-AC) avalia, por sua vez, que a ineficiência na fiscalização por estar permitindo que integrantes das Farcs comprem suprimentos básicos em território brasileiro. A prática, segundo ele, acontece em diversos países vizinhos.
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Os deputados Marcelo Serafim (PSB-AM) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) criticaram a ineficiência do Sistema Integrado de Proteção da Amazônia (Sipam), em Manaus (AM). Auditoria recente do Tribunal de Contas da União (TCU) comprovou que mais da metade dos 160 terminais Sipam estão inoperantes. O sistema concebido para proteger a Amazônia, que custou aos cofres públicos 1,4 bilhão de dólares (cerca de R$ 2,3 bilhões) entre 1998 e 2002, opera bem abaixo da capacidade.
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“A gente conversa muito sobre a Amazônia, mas a minha impressão é que o orçamento para a região é muito pequeno em relação à sua extensão e importância”, diz. Janete Capiberibe prometeu que a comissão poderá ajudar aos órgãos que atuam na Amazônia a resolver suas deficiências orçamentárias. Para isso, ela pediu que os órgãos que atuam na região enviem à comissão dados sobre sua situação orçamentária.
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