sábado, janeiro 01, 2011

DISCURSO DE POSSE

DISCURSO DE POSSE DE DILMA ROUSSEFF NO CONGRESSO

PRESIDENTA E SUA EQUIPE MINISTERIAL

Sinto uma imensa honra por essa escolha do povo brasileiro e sei do significado histórico desta decisão.

Sei, também, como é aparente a suavidade da seda verde-amarela da faixa presidencial, pois ela traz consigo uma enorme responsabilidade perante a nação.

Para assumi-la, tenho comigo a força e o exemplo da mulher brasileira. Abro meu coração para receber, neste momento, uma centelha de sua imensa energia.

E sei que meu mandato deve incluir a tradução mais generosa desta ousadia do voto popular que, após levar à presidência um homem do povo, decide convocar uma mulher para dirigir os destinos do país.

Venho para abrir portas para que muitas outras mulheres, também possam, no futuro, ser presidenta; e para que --no dia de hoje-- todas as brasileiras sintam o orgulho e a alegria de ser mulher.

Não venho para enaltecer a minha biografia; mas para glorificar a vida de cada mulher brasileira. Meu compromisso supremo é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos!

Venho, antes de tudo, para dar continuidade ao maior processo de afirmação que este país já viveu.

Venho para consolidar a obra transformadora do presidente Luis Inácio Lula da Silva, com quem tive a mais vigorosa experiência política da minha vida e o privilégio de servir ao país, ao seu lado, nestes últimos anos.

De um presidente que mudou a forma de governar e levou o povo brasileiro a confiar ainda mais em si mesmo e no futuro do seu País.

A maior homenagem que posso prestar a ele é ampliar e avançar as conquistas do seu governo. Reconhecer, acreditar e investir na força do povo foi a maior lição que o presidente Lula deixou para todos nós.

Sob sua liderança, o povo brasileiro fez a travessia para uma outra margem da história.

Minha missão agora é de consolidar esta passagem e avançar no caminho de uma nação geradora das mais amplas oportunidades.

Quero, neste momento, prestar minha homenagem a outro grande brasileiro, incansável lutador, companheiro que esteve ao lado do Presidente Lula nestes oito anos: nosso querido vice José Alencar. Que exemplo de coragem e de amor à vida nos dá este homem! E que parceria fizeram o presidente Lula e o vice-presidente José Alencar, pelo Brasil e pelo nosso povo!

Eu e Michel Temer nos sentimos responsáveis por seguir no caminho iniciado por eles.

Um governo se alicerça no acúmulo de conquistas realizadas ao longo da história. Ele sempre será, ao seu tempo, mudança e continuidade. Por isso, ao saudar os extraordinários avanços recentes, é justo lembrar que muitos, a seu tempo e a seu modo, deram grandes contribuições às conquistas do Brasil de hoje.

Vivemos um dos melhores períodos da vida nacional: milhões de empregos estão sendo criados; nossa taxa de crescimento mais que dobrou e encerramos um longo período de dependência do FMI, ao mesmo tempo em que superamos nossa dívida externa.

Reduzimos, sobretudo, a nossa histórica dívida social, resgatando milhões de brasileiros da tragédia da miséria e ajudando outros milhões a alcançarem a classe média.

Mas, em um país com a complexidade do nosso, é preciso sempre querer mais, descobrir mais, inovar nos caminhos e buscar novas soluções.

Só assim poderemos garantir aos que melhoraram de vida, que eles podem alcançar mais; e provar, aos que ainda lutam para sair da miséria, que eles podem, com a ajuda do governo e de toda sociedade, mudar de patamar.

Que podemos ser de fato, uma das nações mais desenvolvidas e menos desiguais do mundo - um país de classe média sólida e empreendedora.

Uma democracia vibrante e moderna, plena de compromisso social, liberdade política e criatividade institucional.

Queridos brasileiros e queridas brasileiras,

Para enfrentar estes grandes desafios é preciso manter os fundamentos que nos garantiram chegar até aqui.

Mas, igualmente, agregar novas ferramentas e novos valores.

Na política é tarefa indeclinável e urgente uma reforma política com mudanças na legislação para fazer avançar nossa jovem democracia, fortalecer o sentido programático dos partidos e aperfeiçoar as instituições, restaurando valores e dando mais transparência ao conjunto da atividade pública.

Para dar longevidade ao atual ciclo de crescimento é preciso garantir a estabilidade de preços e seguir eliminando as travas que ainda inibem o dinamismo de nossa economia, facilitando a produção e estimulando a capacidade empreendedora de nosso povo, da grande empresa até os pequenos negócios locais, do agronegócio à agricultura familiar.

É, portanto, inadiável a implementação de um conjunto de medidas que modernize o sistema tributário, orientado pelo princípio da simplificação e da racionalidade. O uso intensivo da tecnologia da informação deve estar a serviço de um sistema de progressiva eficiência e elevado respeito ao contribuinte.

Valorizar nosso parque industrial e ampliar sua força exportadora será meta permanente. A competitividade de nossa agricultura e da pecuária, que faz do Brasil grande exportador de produtos de qualidade para todos os continentes, merecerá toda nossa atenção. Nos setores mais produtivos a internacionalização de nossas empresas já é uma realidade.

O apoio aos grandes exportadores não é incompatível com o incentivo à agricultura familiar e ao micro empreendedor. As pequenas empresas são responsáveis pela maior parcela dos empregos permanentes em nosso país. Merecerão políticas tributárias e de crédito perenes.

Valorizar o desenvolvimento regional é outro imperativo de um país continental, sustentando a vibrante economia do nordeste, preservando e respeitando a biodiversidade da Amazônia no norte, dando condições à extraordinária produção agrícola do centro-oeste, a força industrial do sudeste e a pujança e o espírito de pioneirismo do sul.

É preciso, antes de tudo, criar condições reais e efetivas capazes de aproveitar e potencializar, ainda mais e melhor, a imensa energia criativa e produtiva do povo brasileiro.

No plano social, a inclusão só será plenamente alcançada com a universalização e a qualificação dos serviços essenciais. Este é um passo, decisivo e irrevogável, para consolidar e ampliar as grandes conquistas obtidas pela nossa população.

É, portanto, tarefa indispensável uma ação renovada, efetiva e integrada dos governos federal, estaduais e municipais, em particular nas áreas da saúde, da educação e da segurança, vontade expressa das famílias brasileiras.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos.

Uma expressiva mobilidade social ocorreu nos dois mandatos do Presidente Lula. Mas, ainda existe pobreza a envergonhar nosso país e a impedir nossa afirmação plena como povo desenvolvido.

Não vou descansar enquanto houver brasileiros sem alimentos na mesa, enquanto houver famílias no desalento das ruas, enquanto houver crianças pobres abandonadas à própria sorte. O congraçamento das famílias se dá no alimento, na paz e na alegria. E este é o sonho que vou perseguir!

Esta não é tarefa isolada de um governo, mas um compromisso a ser abraçado por toda sociedade. Para isso peço com humildade o apoio das instituições públicas e privadas, de todos os partidos, das entidades empresariais e dos trabalhadores, das universidades, da juventude, de toda a imprensa e de das pessoas de bem.

A superação da miséria exige prioridade na sustentação de um longo ciclo de crescimento. É com crescimento que serão gerados os empregos necessários para as atuais e as novas gerações.

É com crescimento, associado a fortes programas sociais, que venceremos a desigualdade de renda e do desenvolvimento regional.

Isso significa - reitero - manter a estabilidade econômica como valor absoluto. Já faz parte de nossa cultura recente a convicção de que a inflação desorganiza a economia e degrada a renda do trabalhador. Não permitiremos, sob nenhuma hipótese, que esta praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres.

Continuaremos fortalecendo nossas reservas para garantir o equilíbrio das contas externas. Atuaremos decididamente nos fóruns multilaterais na defesa de políticas econômicas saudáveis e equilibradas, protegendo o país da concorrência desleal e do fluxo indiscriminado de capitais especulativos.

Não faremos a menor concessão ao protecionismo dos países ricos que sufoca qualquer possibilidade de superação da pobreza de tantas nações pela via do esforço de produção.

Faremos um trabalho permanente e continuado para melhorar a qualidade do gasto público.

O Brasil optou, ao longo de sua história, por construir um estado provedor de serviços básicos e de previdência social pública.

Isso significa custos elevados para toda a sociedade, mas significa também a garantia do alento da aposentadoria para todos e serviços de saúde e educação universais. Portanto, a melhoria dos serviços é também um imperativo de qualificação dos gastos governamentais.

Outro fator importante da qualidade da despesa é o aumento dos níveis de investimento em relação aos gastos de custeio. O investimento público é essencial como indutor do investimento privado e como instrumento de desenvolvimento regional.

Através do Programa de Aceleração do Crescimento e do Minha Casa Minha Vida, manteremos o investimento sob estrito e cuidadoso acompanhamento da Presidência da República e dos ministérios.

O PAC continuará sendo um instrumento de coesão da ação governamental e coordenação voluntária dos investimentos estruturais dos estados e municípios. Será também vetor de incentivo ao investimento privado, valorizando todas as iniciativas de constituição de fundos privados de longo prazo.

Por sua vez, os investimentos previstos para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas serão concebidos de maneira a dar ganhos permanentes de qualidade de vida, em todas as regiões envolvidas.

Este princípio vai reger também nossa política de transporte aéreo. É preciso, sem dúvida, melhorar e ampliar nossos aeroportos para a Copa e as Olimpíadas. Mas é mais que necessário melhorá-los já, para arcar com o crescente uso deste meio de transporte por parcelas cada vez mais amplas da população brasileira.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

Junto com a erradicação da miséria, será prioridade do meu governo a luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança.

Nas últimas duas décadas, o Brasil universalizou o ensino fundamental. Porém é preciso melhorar sua qualidade e aumentar as vagas no ensino infantil e no ensino médio.

Para isso, vamos ajudar decididamente os municípios a ampliar a oferta de creches e de pré escolas.

No ensino médio, além do aumento do investimento publico vamos estender a vitoriosa experiência do PROUNI para o ensino médio profissionalizante, acelerando a oferta de milhares de vagas para que nossos jovens recebam uma formação educacional e profissional de qualidade.

Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens.

Somente com avanço na qualidade de ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

Consolidar o Sistema Único de Saúde será outra grande prioridade do meu governo.

Para isso, vou acompanhar pessoalmente o desenvolvimento desse setor tão essencial para o povo brasileiro.

Quero ser a presidenta que consolidou o SUS, tornando-o um dos maiores e melhores sistemas de saúde pública do mundo.

O SUS deve ter como meta a solução real do problema que atinge a pessoa que o procura, com uso de todos os instrumentos de diagnóstico e tratamento disponíveis, tornando os medicamentos acessíveis a todos, além de fortalecer as políticas de prevenção e promoção da saúde.

Vou usar a força do governo federal para acompanhar a qualidade do serviço prestado e o respeito ao usuário.

Vamos estabelecer parcerias com o setor privado na área da saúde, assegurando a reciprocidade quando da utilização dos serviços do SUS.

A formação e a presença de profissionais de saúde adequadamente distribuídos em todas as regiões do país será outra meta essencial ao bom funcionamento do sistema.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

A ação integrada de todos os níveis de governo e a participação da sociedade é o caminho para a redução da violência que constrange a sociedade e as famílias brasileiras.

Meu governo fará um trabalho permanente para garantir a presença do Estado em todas as regiões mais sensíveis à ação da criminalidade e das drogas, em forte parceria com Estados e Municípios.

O estado do Rio de Janeiro mostrou o quanto é importante, na solução dos conflitos, a ação coordenada das forças de segurança dos três níveis de governo, incluindo - quando necessário - a participação decisiva das Forças Armadas.

O êxito desta experiência deve nos estimular a unir as forças de segurança no combate, sem tréguas, ao crime organizado, que sofistica a cada dia seu poder de fogo e suas técnicas de aliciamento de jovens.

Buscaremos também uma maior capacitação federal na área de inteligência e no controle das fronteiras, com uso de modernas tecnologias e treinamento profissional permanente.

Reitero meu compromisso de agir no combate as drogas, em especial ao avanço do crack, que desintegra nossa juventude e infelicita as famílias.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

O pré-sal é nosso passaporte para o futuro, mas só o será plenamente se produzir uma síntese equilibrada de avanço tecnológico, avanço social e cuidado ambiental.

A sua própria descoberta é resultado do avanço tecnológico brasileiro e de uma moderna política de investimentos em pesquisa e inovação. Seu desenvolvimento será fator de valorização da empresa nacional e seus investimentos serão geradores de milhares de novos empregos.

O grande agente desta política é a Petrobrás, símbolo histórico da soberania brasileira na produção energética.

O meu governo terá a responsabilidade de transformar a enorme riqueza obtida no Pré Sal em poupança de longo prazo, capaz de fornecer às atuais e às futuras gerações a melhor parcela dessa riqueza, transformada, ao longo do tempo, em investimentos efetivos na qualidade dos serviços públicos, na redução da pobreza e na valorização do meio ambiente. Recusaremos o gasto apressado, que reserva às futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.

Meus queridos brasileiros e brasileiras,

Muita coisa melhorou em nosso país, mas estamos vivendo apenas o início de uma nova era. O despertar de um novo Brasil.

Recorro a um poeta da minha terra: "o que tem de ser, tem muita força".
Pela primeira vez o Brasil se vê diante da oportunidade real de se tornar, de ser, uma nação desenvolvida. Uma nação com a marca inerente da cultura e do estilo brasileiros --o amor, a generosidade, a criatividade e a tolerância.

Uma nação em que a preservação das reservas naturais e das suas imensas florestas, associada à rica biodiversidade e a matriz energética mais limpa do mundo, permitem um projeto inédito de país desenvolvido com forte componente ambiental.

O mundo vive num ritmo cada vez mais acelerado de revolução tecnológica. Ela se processa tanto na decifração de códigos desvenda dores da vida quanto na explosão da comunicação e da informática.

Temos avançado na pesquisa e na tecnologia, mas precisamos avançar muito mais. Meu governo apoiará fortemente o desenvolvimento científico e tecnológico para o domínio do conhecimento e a inovação como instrumento da produtividade.

Mas o caminho para uma nação desenvolvida não está somente no campo econômico. Ele pressupõe o avanço social e a valorização da diversidade cultural. A cultura é a alma de um povo, essência de sua identidade.

Vamos investir em cultura, ampliando a produção e o consumo em todas as regiões de nossos bens culturais e expandindo a exportação da nossa música, cinema e literatura, signos vivos de nossa presença no mundo.

Em suma: temos que combater a miséria, que é a forma mais trágica de atraso, e, ao mesmo tempo, avançar investindo fortemente nas áreas mais sofisticadas da invenção tecnológica, da criação intelectual e da produção artística e cultural.

Justiça social, moralidade, conhecimento, invenção e criatividade, devem ser, mais que nunca, conceitos vivos no dia-a-dia da nação.

Queridos brasileiros e queridas brasileiras,

Considero uma missão sagrada do Brasil a de mostrar ao mundo que é possível um país crescer aceleradamente, sem destruir o meio-ambiente.

Somos e seremos os campeões mundiais de energia limpa, um país que sempre saberá crescer de forma saudável e equilibrada.

O etanol e as fontes de energia hídricas terão grande incentivo, assim como as fontes alternativas: a biomassa, a eólica e a solar. O Brasil continuará também priorizando a preservação das reservas naturais e das florestas.

Nossa política ambiental favorecerá nossa ação nos fóruns multilaterais. Mas o Brasil não condicionará sua ação ambiental ao sucesso e ao cumprimento, por terceiros, de acordos internacionais.

Defender o equilíbrio ambiental do planeta é um dos nossos compromissos nacionais mais universais.

Meus queridos brasileiros e brasileiras,

Nossa política externa estará baseada nos valores clássicos da tradição diplomática brasileira: promoção da paz, respeito ao princípio de não-intervenção, defesa dos Direitos Humanos e fortalecimento do multilateral ismo.

O meu governo continuará engajado na luta contra a fome e a miséria no mundo.

Seguiremos aprofundando o relacionamento com nossos vizinhos sul-americanos; com nossos irmãos da América Latina e do Caribe; com nossos irmãos africanos e com os povos do Oriente Médio e dos países asiáticos.
Preservaremos e aprofundaremos o relacionamento com os Estados Unidos e com a União Européia.

Vamos dar grande atenção aos países emergentes.

O Brasil reitera, com veemência e firmeza, a decisão de associar seu desenvolvimento econômico, social e político ao de nosso continente.

Podemos transformar nossa região em componente essencial do mundo multipolar que se anuncia, dando consistência cada vez maior ao Mercosul e à Unasul. Vamos contribuir para a estabilidade financeira internacional, com uma intervenção qualificada nos fóruns multilaterais.

Nossa tradição de defesa da paz não nos permite qualquer indiferença frente à existência de enormes arsenais atômicos, à proliferação nuclear, ao terrorismo e ao crime organizado transnacional.

Nossa ação política externa continuará propugnando pela reforma dos organismos de governança mundial, em especial as Nações Unidas e seu Conselho de Segurança.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

Disse, no início deste discurso, que eu governarei para todos os brasileiros e brasileiras. E vou fazê-lo.

Mas é importante lembrar que o destino de um país não se resume à ação de seu governo. Ele é o resultado do trabalho e da ação transformadora de todos os brasileiros e brasileiras. O Brasil do futuro será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ele hoje. Do tamanho da participação de todos e de cada um:
ü      Dos movimentos sociais,

ü      Dos que labutam no campo,
ü      Dos profissionais liberais,
ü      Dos trabalhadores e dos pequenos empreendedores,
ü      Dos intelectuais,
ü      Dos servidores públicos,
ü      Dos empresários,
ü      Das mulheres,
ü      Dos negros, dos índios e dos jovens,
ü      De todos aqueles que lutam para superar distintas formas de discriminação.

Quero estar ao lado dos que trabalham pelo bem do Brasil na solidão amazônica, na seca nordestina, na imensidão do cerrado, na vastidão dos pampas.

Quero estar ao lado dos que vivem nos aglomerados metropolitanos, na vastidão das florestas; no interior ou no litoral, nas capitais e nas fronteiras do Brasil.

Quero convocar todos a participar do esforço de transformação do nosso país.

Respeitada a autonomia dos poderes e o princípio federativo, quero contar com o Legislativo e o Judiciário, e com a parceria de governadores e prefeitos para continuarmos desenvolvendo nosso País, aperfeiçoando nossas instituições e fortalecendo nossa democracia.

Reafirmo meu compromisso inegociável com a garantia plena das liberdades individuais; da liberdade de culto e de religião; da liberdade de imprensa e de opinião.

Reafirmo que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. Quem, como eu e tantos outros da minha geração, lutamos contra o arbítrio e a censura, somos naturalmente amantes da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos, no nosso País e como bandeira sagrada de todos os povos.

O ser humano não é só realização prática, mas sonho; não é só cautela racional, mas coragem, invenção e ousadia. E esses são elementos fundamentais para a afirmação coletiva da nossa nação.

Eu e meu vice Michel Temer fomos eleitos por uma ampla coligação partidária. Estamos construindo com eles um governo onde capacidade profissional, liderança e a disposição de servir ao país serão os critérios fundamentais.

Mais uma vez estendo minha mão aos partidos de oposição e as parcelas da sociedade que não estiveram conosco na recente jornada eleitoral. Não haverá de minha parte discriminação, privilégios ou compadrio.

A partir deste momento sou a presidenta de todos os brasileiros, sob a égide dos valores republicanos.

Serei rígida na defesa do interesse público. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. A corrupção será combatida permanentemente, e os órgãos de controle e investigação terão todo o meu respaldo para aturem com firmeza e autonomia.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

Chegamos ao final desse longo discurso. Dediquei toda a minha vida a causa do Brasil. Entreguei minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor.

Muitos da minha geração, que tombaram pelo caminho, não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles esta conquista, e rendo-lhes minha homenagem.

Esta dura caminhada me fez valorizar e amar muito mais a vida e me deu, sobretudo coragem para enfrentar desafios ainda maiores. Recorro mais uma vez ao poeta da minha terra:

"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem"

É com esta coragem que vou governar o Brasil.

Mas mulher não é só coragem. É carinho também.

Carinho que dedico a minha filha e ao meu neto. Carinho com que abraço a minha mãe que me acompanha e me abençoa.

É com este mesmo carinho que quero cuidar do meu povo, e a ele - só a ele - dedicar os próximos anos da minha vida.

Que Deus abençoe o Brasil!

Que Deus abençoe a todos nós!

sexta-feira, dezembro 31, 2010

PRODUTO CONTROLADO

30.12.2010 - 11:16
CAMINHÃO COM MATERIAL BALÍSTICO CONTROLADO PELO EXÉRCITO É ROUBADO EM RODOVIA


Sumaré - Uma quadrilha de "piratas do asfalto" roubou, terça-feira, no quilômetro 110 da Rodovia Anhangüera, em Sumaré, um caminhão Volkswagen carregado com tecido utilizado em coletes à prova de bala. O produto é controlado pelo Exército. A carga está avaliada em R$ 76.956,00 e pertence à indústria Dupont do Brasil. O caminhão não tinha escolta, segundo a Polícia Civil. O motorista, de 35 anos, e seus dois ajudantes, de 34 e 25 anos, foram mantidos reféns da quadrilha porá cerca de três horas e deixados no bairro da Lapa, zona oeste da Capital paulista.

O roubo aconteceu às 12h30 quando o motorista e seus auxiliares almoçavam em um restaurante na rodovia. O caminhão modelo 24.250, ano 2008, branco, avia saído de uma industria têxtil na Avenida Fuad Assef Maluf, no distrito industrial de Sumaré, e seguia para Barueri. A parada para o almoço aconteceu a pouco mais de seis quilômetros do embarque da carga.

Em depoimento à Polícia Civil, os três ocupantes do caminhão contaram que foram dominados, ainda no estacionamento do restaurante, por três homens que chegaram em um carro branco, provavelmente um Gol. O motorista e os ajudantes foram colocados no carro e obrigados a ficar com a cabeça abaixada. Um dos integrantes da quadrilha assumiu a direção do caminhão.

Os três reféns foram deixados na Rua Ricardo Cavaton, na Lapa. O caso foi registrado no 7º Distrito Policial da Capital. "Nunca vi um roubo deste tipo de material, que agora pode ser usado por criminosos em confecção de coletes e até servir como proteção na lataria de veículos, disse o delegado Cesar Antônio Borges Saad, do 7º DP, à agência de notícias Folha.com.

O roubo vai ser investigado por duas frentes da Polícia Civil. Uma delas é o DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Outra é o Setor de Investigações da Delegacia de Sumaré. O delegado Marcos Galli Casseb, titular da Policia Civil no município, deve convocar o motorista e os dois ajudantes para prestar declarações. Na Capital paulista, o motorista e os ajudantes falaram à polícia que não tinham condições de descrever as características físicas dos assaltantes

quinta-feira, dezembro 30, 2010

segunda-feira, dezembro 27, 2010

LIVRO

BACABA - Memórias de um Guerreiro de Selva da Guerrilha do Araguaia

Livro Bacaba - Guerrilha do Araguaia 


Senhores amigos Militares e civis, BOM DIA! 

Sou Segundo Tenente Infante José Vargas Jiménez da Reserva Remunerada, Guerreiro de Selva nº 702 e estive combatendo os Guerrilheiros do PC do B no Araguaia, junto com CURIÓ, na época ele era Capitão Sebastião Rodrigues de Moura, quando eu era Terceiro Sargento do Exército e Comandava dez homens. 

Me ajudem a divulgar a verdadeira História da Guerrilha do Araguaia e também o seu conteúdo que serve de orientação aos militares profissionais que um dia poderão participar de uma guerra ou guerrilha como eu participei. Ser Comandante de Grupo de Combate, Pelotão, Companhia, Batalhão, Regimento, Brigada, Região Militar, Comando Militar e Comandante do Exército pelo Estatuto Militar e Regulamento é HIERÁRQUIA e DISCIPLINA, no entanto ser LÌDER, conquistando seus subordinados numa GUERRA é completamente diferente. Os que possuem posto e graduação tem que saber disto, senão, não conquistarão os seu subordinados numa guerra onde a vida de um depende do outro. Nesta guerrilha que participei meus comandados (Grupo de Combate), houve até um caso narrado no livro onde eles disseram que matariam um capitão que estava comandando o meu grupo junto comigo no meio da selva (CURIÓ), (Hoje ele é Tenente Coronel aposentado como eu (Tenente) caso ele engrossa se comigo, após uma pequena DISCUSSÃO. Aí eu pude constatar que os havia conquistado. 

Segue abaixo uma repercussão de meu livro e resumo de seu conteúdo. 

Lhes informo que fiz a segunda edição de meu livro e agora estou fazendo o segundo : BACABA II, o qual pretendo lançar em Setembro de 2010, antes da eleições a Presidente da República. 

Como ninguém me patrocinou por meu livro ser polêmico, vou necessitar da ajuda dos senhores para que me ajudem a divulgar o meu livro, para conseguir verbas e lançar este segundo livro. 

Neste livro Bacaba II, irei narrar o resto da História Verdadeira da Guerrilha do Araguaia (1972/1974) e as repercussões do primeiro livro Bacaba, a qual foi muito grande, tendo me levado ao Congresso Nacional (Câmara dos Deputados Federais) a três Audiências Públicas. A primeira na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, a segunda na Comissão de Direitos Humanos e a terceira na Comissão Especial de Anistia a qual libera verbas aos terroristas/comunistas e famílias e, prá nós militares que lutamos para ter esta DEMOCRACIA que temos hoje no BRASIL, não liberam NADA, ao contrário vivem nos ameaçando querendo acabar com a Lei da ANISTIA. 

Nesta última audiência, fui ameaçado de morte pela platéia (família dos guerrilheiros) e, pela Comissão, ameaçado de ser processado como torturador e preso por ter lutado contra os guerrilheiros do PC do B. Tive que ser retirado pelos seguranças pela porta dos fundos do Congresso Nacional. 

Nesta Audiência Pública levei os dossiês dos Ministros e Parlamentares do Governo "LULA" que na época dos anos 60 e 70, eram TERRORISTAS/COMUNISTAS, pois assaltavam, seqüestravam, assassinavam, explodiam bombas e justiçavam os brasileiros que lutavam contra o Comunismo no Brasil, defendendo o Regime Militar.Os dossiês que levei e entreguei ao Presidente da Audiência Pública da Comissão especial de Anistia, Deputado Daniel Almeida do PC do B fôramos de: 

- TARSO GENRO, cujos codinomes na clandestinidade eram: "Carlos" e "Rui"; PAULO VANNUCHI, era militante da Ação Libertadora Nacional (ALN); DILMA ROUSSEFF, cujos codinomes na clandestinidade eram "ESTELA", "LUIZA", "PATRICIA" e "VANDA"; CARLOS MINC, codinomes "JAIR" e "JOSÉ"; JOSÉ DIRCEU, codinome DANIEL; JOSÉ GENOINO, codinome "GERALDO" e outros. 

Então, neste meu livro BACABA II, irei publicar estes dossiês e tudo que aconteceu nestas três audiências públicas. Tenho tudo gravado para confirmar o que publicarei. 

Por último também estive em Bacaba (nossa base de combate no Km 68 da rodovia Transamazônica) no município de Marabá-PA, em Outubro deste ano a convite do Grupo de Trabalho Tocantins (GTT) do Ministério da Defesa, onde mostrei a eles a região (pois o local depois de 36 anos é difícil de reconhecer), onde foram enterrados alguns guerrilheiros mortos em combate na Guerrilha do Araguaia. 

Então amigos para adquirir o meu livro autografado e com frete pago pelo correio (registrado) e só solicitar diretamente a mim pelo meu e-mail: jos_vargas@yahoo.com.br. é falado assim: (jos onderlaine vargas arroba yahoo ponto com ponto br). 

Se quiserem saber muito mais a respeito da repercussão grande no Brasil deste meu livro, acessem o site: www.google.com.br e pesquisem o seguinte: Livro bacaba, depois Chico dólar e depois José Vargas Jiménez. Verão que para uns brasileiros sou torturador e assassino porque lutei contra os Terroristas/Comunistas do PC do B que queriam impor o regime Comunista no Brasil e para outros sou Herói, corajoso, valente, doido, maluco por estar peitando estes Ministros que estão no poder e que querem acabar com a Lei da Anistia. 

Deixo a seus critérios este pedido para que me ajudem a divulgar o meu livro. 

Respeitosamente. 
Tenente Vargas - SELVA - Brasil acima de tudo e Tudo pela Amazônia. 

*** 

BACABA - Memórias de um Guerreiro de Selva da Guerrilha do Araguaia

Autor: José Vargas Jiménez 
Número de páginas : 136 
Preço: R$ 30,00 

Descrição 

Você quer saber a História do Brasil que ainda não foi contada sobre como foram EXTERMINADOS e onde estão os guerrilheiros do Partido Comunista do Brasil (PC do B), mortos e desaparecidos, bem como os militares que morreram na Guerrilha do Araguaia,defendendo este regime Democrático que hoje existe no Brasil? Adquira o livro BACABA - Memórias de um Guerreiro de Selva da guerrilha do Araguaia. 

O autor é o Segundo Tenente da reserva do Exército Brasileiro,JOSÉ VARGAS JIMÉNEZ, cadastrado no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), como Guerreiro de Selva número 702, que vivenciou e participou da última fase da Guerra de Guerrilha do Araguaia no Sul do Pará, entre as Forças Armadas (FFAA) do Brasil, particularmente o Exército Brasileiro (Guerreiros de selva e Pára-quedistas) e a Força Aérea Brasileira, e os guerrilheiros da Força Guerrilheira do Araguaia (FOGUERA) do PC do B,que queriam impor à força o regime Comunista no Brasil, como fizeram em CUBA, CHINA, RUSSIA, Etc. 

Os fatos relatados são ilustrados com documentos Confidenciais e Secretos do Centro de Informações do Exército (CIE), para provar a autenticidade da realidade vivida pelo Tenente Vargas, à época Sargento que elucidam como se desenvolveu esta Guerra de Guerrilha, desde seu planejamento pelo PC do B (1968 - 1972), até o final, quando foram derrotados (exterminados) pelas Forças Armadas do Brasil. Contém também fotos dos guerrilheiros e militares que morreram nesta operação, bem como de guerrilheiro capturado vivo pelo autor que hoje consta como "desaparecido" no Araguaia. SELVA 

LIVRO

O CORONEL ROMPE O SILÊNCIO
Luiz Maklouf Carvalho
História   224 páginas
ISBN: 8573026065

Militar que matou e levou tiros na caçada aos guerrilheiros do Araguaia conta a sua história

Lício Augusto Ribeiro Maciel era major-adjunto do Centro de Informações do Exército, quando atuou na linha de frente do combate à guerrilha do Araguaia. Depois de 30 anos de silêncio, ele decidiu contar sua história ao jornalista Luiz Maklouf Carvalho. Seu depoimento está no livro O Coronel Rompe o Silêncio, um relato impressionante, dramático e revelador, que nos ajuda a reconstruir um dos episódios mais sombrios de nossa história recente.

Planejada e organizada pelo Partido Comunista do Brasil, o PC do B, a guerrilha do Araguaia resistiu de 1972 a 1975, desafiando o Exército, numa tática que pretendia, a partir da criação de "comitês populares" no interior do país, formar um amplo movimento camponês, capaz de derrotar a ditadura. Durante esse período, o Exército mobilizou cerca de cinco mil militares, numa das maiores movimentações de tropas do país. Depois de duas operações fracassadas em 1972, partiu-se para uma terceira ofensiva, em outubro de 1973, com o apoio das Policias Militares dos estados da região e das outras Forças Armadas.

Foi quando o major Lício Augusto Ribeiro, hoje um pacato senhor de 74 anos, começou a atuar. "Dr. Asdrúbal", nome de guerra de Lício, participou ativamente do combate aos revolucionários. Os tiros do major e seu grupo mataram quatro guerrilheiros. No enfretamento, ele também foi ferido – um tiro no rosto, dado por uma guerrilheira que logo após foi fuzilada, é uma marca que carrega até hoje. Nesse terceiro cerco, o movimento revolucionário foi enfim derrotado.

Este livro revela, em detalhes, a violência e a crueldade que marcaram essa guerra que muitos preferem esconder. O impactante depoimento do coronel Lício – que Luiz Maklouf confrontou com o de participantes da guerrilha, seja do lado dos militares, seja do lado dos guerrilheiros – pode ajudar os familiares dos guerrilheiros mortos a encontrarem seus corpos. Foi justamente para fazer um acerto de contas com essa página inglória de nossa história que o coronel Lício decidiu falar.

As Revelações do Coronel

- Lício Augusto Ribeiro foi o militar que mais matou na guerrilha do Araguaia. O coronel participou da morte de cinco guerrilheiros: três em confronto direto, um depois de ser ferido e a última fuzilada depois de atirar em Lício.

- O coronel revela a participação do general Nilton Cerqueira – famoso comandante da operação que matou Carlos Lamarca – na guerrilha do Araguaia. Cerqueira confirma as declarações de Lício e relata sua atuação na repressão aos guerrilheiros do PC do B em entrevista inédita à Luiz Maklouf.

- Lício foi o comandante do grupo que prendeu o atual presidente nacional do PT José Genuíno e revela que ele não sofreu tortura na mata, informações confirmadas por Genuíno em entrevista ao autor em janeiro de 2004.

- O livro traz o depoimento de militares que nunca haviam falado sobre sua participação no Araguaia, como o coronel Aluízio Madruga e os generais Álvaro Pinheiro e Arnaldo Braga. O Coronel Rompe o Silêncio aponta também os nomes de vários oficiais que atuaram na guerrilha – entre eles Wilson Romão, que foi diretor da Polícia Federal do governo Itamar Franco, e Taumaturgo Sotero Vaz, ex-comandante militar da Amazônia.

* *

Luiz Maklouf Carvalho, 51 anos, nasceu em Belém. É jornalista e bacharel em direito. Começou sua carreira na imprensa paraense, onde foi editor do jornal Resistência e correspondente do jornal Movimento. Nas décadas de 70 e 80, escreveu várias reportagens sobre a guerrilha do Araguaia. Recebeu um prêmio Esso Regional do Norte (O Estado do Pará, 1977) e, como repórter e editor de Resistência, quatro prêmios Wladimir Herzog.

Radicado em São Paulo desde 1983, Maklouf foi repórter especial de O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Jornal do Brasil e Folha de S. Paulo. Atualmente é repórter colaborador de O Estado de S. Paulo. É autor de vários livros, entre eles, Mulheres que Foram à Luta Armada (Prêmio Jabuti de Livro Reportagem / 1999) e Cobras Criadas – David Nasser e o Cruzeiro (2001), e editor do site "Profissão: repórter".

FRONTEIRAS VULNERÁVEIS

Brasil
27 de Dezembro de 2010
Planalto
GOVERNO ADMITE QUE FRONTEIRAS DO PAÍS ESTÃO VULNERÁVEIS
Estudo federal expõe a falta de fiscalização contra o contrabando e tráfico.

A poucos dias do fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo concluiu o estudo sobre os problemas encontrados na faixa de fronteira do país. Em 140 páginas, o trabalho constata a conhecida vulnerabilidade das extensas áreas (15.700 quilômetros) ao contrabando e ao tráfico e exibe a carência de políticas públicas específicas para essas localidades.

O relatório foi preparado pelo Grupo de Trabalho Interfederativo de Integração Fronteiriça e entregue ao presidente neste mês. Teve coordenação do Ministério da Integração Nacional e propõe 34 medidas para tentar reagir aos problemas encontrados. As propostas incluem desde os óbvios pedidos de reforço de efetivo policial e de capacitação de agentes, fiscais e outros profissionais para atuar em ações específicas até a criação de gratificações especiais para incentivar profissionais a se interessarem pelo trabalho nessas regiões.

Foi considerado prioritário o aumento de infraestrutura de transporte rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo na faixa de fronteira, especialmente nas isoladas áreas da Região Norte do Brasil. Além disso, outra prioridade defendida é a de implementar a infraestrutura hospitalar - quase sempre mínima ou inexistente nesses locais. O grupo de trabalho ainda sugere a legalização do processo de contratação de médicos e de outros profissionais de países vizinhos, mas apenas para operação nesses locais, e a criação de escolas bilíngues.

Armas e drogas - Os problemas nos cuidados da enorme extensão da faixa de fronteira brasileira se refletem em situações cotidianas, como a entrada ilegal de armas e drogas que chegam aos grandes centros urbanos. A faixa abrange 588 cidades, espalhadas por 11 estados, envolvendo cerca de 10 milhões de habitantes. Uma característica especial desse vasto território é a presença das chamadas cidades-gêmeas. Na prática, são cidades vizinhas, separadas apenas pela fronteira entre os países. Em alguns casos, isso se resume ao simples gesto de atravessar uma rua.

O estudo do governo mostra que, se as cidades-gêmeas podem ajudar na desejada integração da faixa de fronteira, representam também um caminho de acesso ao Brasil para o tráfico e para o contrabando. "Estas também servem de porta de entrada de produtos ilícitos de diversas naturezas e de saída de recursos naturais e minerais, explorados sem controle e ilegalmente, gerando danos ao meio ambiente", cita o documento.

(Revista Veja com Agência Estado)