quarta-feira, abril 30, 2008

CAPITÃO TROCA ORLA CARIOCA PELO DESAFIO DA SELVA.

Domingo, 20 de Abril de 2008
Capitão troca orla carioca pelo desafio da selva
Marcelo Sartori Aguiar comanda posto na fronteira com a Guiana
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José Patrício/AE
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Filho de um general do Exército, o capitão Marcelo Flávio Sartori Aguiar, de 29 anos, poderia estar servindo em um batalhão importante do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Carioca da orla, ele preferiu ser colocado à prova num posto avançado na distante fronteira do Brasil com a Guiana Francesa.
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Em Clevelândia do Norte, distrito de Oiapoque, no Amapá, a 600 quilômetros da capital, Sartori comanda a 1ª Companhia de Fuzileiros da Selva e tem sob suas ordens 90 soldados, 76 recrutas, 22 cabos, 25 sargentos e outros 10 oficiais. Parte do efetivo atende também o Pelotão Especial de Fronteira da Vila Brasil, povoado aonde só se chega de barco. O capitão Sartori faz parte de um grupo de oficiais selecionados para comandar as tropas de elite do Exército brasileiro. "Temos o melhor combatente de selva do mundo", assegura o general Heleno Pereira, comandante militar da Amazônia.
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Os guerreiros são treinados para transformar a floresta em aliada: conhecem técnicas de sobrevivência, sabem se camuflar e emboscar o inimigo. Jovem e de estatura baixa para os padrões do Exército, Sartori encarou o comando da companhia como um desafio.
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"A selva tem alguma coisa que atrai quem é da infantaria." Muitos dos comandados são cabos e sargentos com 20 anos de experiência.
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"Quando cheguei vi olhares de desconfiança, mas logo eles sentiram a personalidade do comandante." Sartori fez os primeiros estudos em colégios militares do Rio e de Fortaleza. Formado nas escolas de oficiais de Campinas (SP) e Resende (RJ), serviu no 14º Batalhão de Engenharia Motorizada em Jaboatão de Guararapes (PE) e foi instrutor da Academia Militar de Agulhas Negras (Aman). Fez ainda a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais no Rio.
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O coronel Henrique de Jesus Pedrosa Batista, comandante do 34º Batalhão de Infantaria da Selva de Macapá, é uma referência na formação de jovens soldados. Quando comanda um treinamento básico de navegação fluvial, faz flexões e pula na água com os recrutas. Batista, que fez parte do quinto contingente da tropa de paz no Haiti, já serviu em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em Roraima. Tem curso de operações com helicóptero, de combate na caatinga e de aperfeiçoamento especial, o mestrado militar. Cursou ainda a Escola do Estado-Maior do Exército.
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No batalhão de Macapá, os 250 recrutas são voluntários, escolhidos entre 3 mil candidatos. A tropa marcha ao som da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, mas o coronel gosta de vê-los entoar a Oração do Guerreiro da Selva.
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Em Marabá, a 23ª Brigada de Infantaria da Selva é responsável pela preparação do nono contingente da força especial de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) que servirá no Haiti a partir de maio. Com 1.200 homens, será o primeiro formado integralmente por soldados e oficiais que atuam na região amazônica. A brigada de Marabá vai ceder parte do efetivo porque é a única do Comando Militar da Amazônia que não cuida de fronteiras.
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Na semana passada, três generais - Heleno, Jeannot e o comandante da brigada, José Wellington Ferreira Gomes - acompanharam um exercício militar de resgate de um refém que teria sido capturado por tropas inimigas, nas margens do Rio Tocantins.
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Quando o oficial de comando perguntou ao recruta como faria para neutralizar uma sentinela inimiga, ele não teve dúvida: "Corto a jugular dele e cravo a faca no coração, senhor".
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