domingo, abril 20, 2008

ÍNDIOS ENTRAM PARA O EXÉRCITO.

Amazônia
Índios entram para o Exército
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Comandante da instituição contraria a ONU, incorpora nativos e garante que não vai fazer desmilitarização de terras indígenas
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Fernanda Odilla - Correio Braziliense
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Breno Fortes/CB

Cacique Tadeu Simétrio Tirió diz que presença dos militares é garantia de médico para atender a tribo


Óbidos (PA) – Na terra dos índios tiriós poucos dominam o português. Mas a tribo do Norte do Pará, quase na fronteira com o Suriname, não dispensa tênis, camisetas, brincos e dentes de ouro. As crianças, de chinelo e mascando chiclete, também resistem a pronunciar muitas palavras no idioma nacional. Entretanto, falar português significa hoje acesso a posições remuneradas e de destaque, como professor, agente de saúde e, em breve, soldado do Exército.

Contrariando a Declaração Universal dos Direitos dos Indígenas, o Exército se prepara para incorporar seis tiriós ao 1º Pelotão Especial de Fronteira do 2º Batalhão de Infantaria de Selva, em Tiriós, distrito de Óbidos, no Pará. Aprovada na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, em setembro do ano passado, com voto favorável do Brasil, a declaração propõe a desmilitarização de terras indígenas.

Os militares fazem questão de deixar clara a posição contrária à declaração. “Enquanto eu for comandante militar, a tropa vai onde for necessário”, avisa o comandante da Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro Pereira. “Eu me assustei. Fiquei preocupado quando vi os termos da declaração”, disse o comandante, durante palestra em Marabá, no dia 7, ao citar a parte do texto que permite aos povos indígenas determinar sua livre condição política. Ele criticou ainda outro trecho, no qual a ONU diz que “não se desenvolverão atividades militares nas terras indígenas, a menos que se justifiquem por ameaças graves ao interesse público ou que se faça um acordo com os índios”.

Caso a medida seja cumprida ao pé da letra, pelo menos cinco pelotões do Exército teriam de desocupar as áreas onde atuam, em especial na faixa da fronteira no Norte do país. Quatro deles estão na área de conflito Raposa Serra do Sol, em Roraima. Tiriós também seria uma dessas áreas, onde, além da tribo e de tropas do Exército e da Aeronáutica, só há um frei franciscano, uma antropóloga e, às vezes, funcionários das fundações nacionais de Saúde (Funasa) e do Índio (Funai). Para chegar lá, só há duas opções: avião ou caminhada de seis horas a partir do Suriname.

FONTE: http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_7/2008/04/20/em_noticia_interna,id_sessao=7&id_noticia=59735/em_noticia_interna.shtml

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