sábado, outubro 23, 2010

LIVRO - DOPaz.

Livro 19/10/2010 21h48

O BOM TRABALHO DO EXÉRCITO BRASILEIRO NO HAITI

Única Brasileira e uma das poucas mulheres a ter participado de um Programa da ONU sobre Segurança Mundial, a repórter do Diário Tahiane Stochero lança nesta quarta, na Livraria da Vila, livro sobre a sua experiência no país da América Central

Renato Pompeu



Uma completa e detalhada descrição das atividades das tropas brasileiras que estão no Haiti desde 2004 é proporcionada pela repórter Tahiane Stochero, do Diário, no seu livro "DOPaz - Como a Tropa de Elite do Exército Brasileiro Pacificou a Favela Mais Violenta do Haiti" (Objetiva, 216 págs., R$ 36,90 reais), com lançamento nesta quarta, na Livraria da Vila.

Trata-se de um livro-reportagem dentro das melhores tradições brasileiras, tanto que é recomendado, na contracapa e na introdução, por seguramente os dois autores mais famosos no País desse gênero, ninguém menos do que Caco Barcellos e José Hamilton Ribeiro, dois dos jornalistas mais importantes do Brasil, conhecidos por milhões de pessoas, por seus programas na Rede Globo. Diz Barcellos: "A autora nos conduz com isenção aos bastidores da ação pacificadora do Brasil na brutal guerra civil do Haiti".

E Ribeiro afirma que o livro de Tahiane Stochero "1. Envolve denúncias graves - o Exército usando meninos de 10 anos como informantes da inteligência?, torturas em interrogatório. 2 - Também descreve, de maneira descompromissada, mas sem tentar esconder a força do fato, que os militares (o uso do cachimbo...?) transformam operações em que há risco de vida para outros (e para eles também, certamente) em atividade quase lúdica, com recorrência a feitos do super-homem e outras histórias em quadrinhos. 3 - E é de provocar arrepio quando ela diz que ?os caveiras? têm seu grito de guerra: o máximo de confusão, morte e destruição? na retaguarda dos inimigos".

A gaúcha Tahiane Stochero, formada em jornalismo e com pós-graduação em relações internacionais e especializada em defesa e conflitos internacionais, é a única brasileira e uma das poucas mulheres a ter participado de um programa mundial da ONU sobre segurança mundial. Esteve no Haiti várias vezes, desde 2007, a última no começo deste ano, por ocasião do grande terremoto que infelicitou ainda mais o mais pobre país das Américas.

Ela praticamente revela à luz do dia a existência do DOPaz, o Departamento de Operações de Paz, uma tropa de quatro oficiais e dezesseis praças, que jamais é citada nos documentos oficiais do Exército Brasileiro ou da ONU, mas que certamente é o grupo mais capacitado para qualquer tipo de operação em todas as Forças Armadas.

Mergulho na favela

A maior parte do livro é dedicada às atividades do DOPaz, em geral auxiliado por outras unidades brasileiras e estrangeiras. O livro é extremamente informativo sobre as atividades dos soldados nas imensas, miseráveis e violentíssimas favelas do Haiti, povoadas por bandidos que se apresentam à população como engajados em ações políticas, como a defesa do ex-presidente deposto e exilado Jean-Bertrand Aristide, ou ações de sequestro em nome de Che Guevara.

Mas o livro é de leitura empolgante, ao narrar passo a passo operações militares de grande envergadura, verdadeiras batalhas campais. São descritas as peripécias não planejadas dessas operações, como o fato de, numa delas, soldados uruguaios e outros terem por engano atirado em soldados brasileiros.

Em outra operação, a tropa sabia que uma determinada construção era apenas um banheiro público, muito necessário numa favela sem rede de água ou de esgotos. Mas não hesitou em destruí-la, por seus superiores acharem que ali se localizava a chefia de uma gangue. Afinal, "ordens são ordens".

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