sábado, abril 19, 2008

ESTADO JÁ APURA DENÚNCIA DE TORTURA POR MILITARES NO JURUÁ.

POLÍTICA
Estado já apura denúncia de tortura por militares no Juruá
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Deputada Perpétua Almeida manifestou protesto pelo ocorrido
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A deputada federal Perpétua Almeida (PC do B-AC) lamentou o incidente ocorrido no último domingo entre membros da comunidade São Salvador, no município de Mâncio Lima, e integrantes do Exército Brasileiro. A deputada mantém o entendimento de que o pelotão de fronteira deve permanecer na região como instituição de defesa da soberania nacional, mas espera que os possíveis excessos cometidos pelos militares, narrados pela comunidade, sejam apurados com rigor.
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A deputada, autora das reivindicações legislativas que deram origem aos pelotões de fronteira de Mâncio Lima e Marechal Thaumaturgo, também recebeu garantias do secretário Antônio Monteiro (Segurança Pública do Acre) de que os fatos serão devidamente apurados.
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Tão logo foi procurado pela deputada, na tarde desta sexta-feira, o secretário Monteiro destacou dois escrivães e dois agentes para ouvir a comunidade. “Queremos pressa. Esses depoimentos serão colhidos até domingo”, disse o secretário.
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Ainda segundo a deputada, é necessário que haja disposição do comandante do 61º BIS na região, tenente-coronel Jansen, de abrir sindicância para apurar o envolvimento dos militares em episódios de torturas psicológica e física, segundo denúncia da comunidade. O comandante manifestou-se oficialmente perante uma comissão de vereadores de Mâncio Lima. Os parlamentares foram ao batalhão pedir garantias de que o Exército será exemplar nas investigações.
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Cinco cartas assinadas por civis foram enviadas como denúncia à Câmara de Vereadores de Mâncio Lima, ao presidente do Sindicato Rural, Francisco Ribeiro da Silva, ao coordenador de Educação, Ériton Maia de Macedo, e ao coordenador de Endemias. O vereador Rosalvo Marques informou que cerca de 15 pessoas, entre elas idosos, estariam entre os possíveis torturados. “Acredito que a justiça será feita. É preciso deixar claro que os culpados devem ser identificados e punidos - sejam da comunidade, sejam do Exército”, disse a deputada, que vai buscar contato com 61º BIS e exigir que os procedimentos de investigação sejam iniciados o quanto antes. Conheça o caso, segundo relatos da comunidade.
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O desentendimento inicial ocorreu domingo, dia 13, entre militares que estavam de folga e civis da comunidade São Salvador, durante uma partida de futebol. Na briga, um menor foi ferido na cabeça. Houve tumulto. Um oficial atirou para cima na esperança de pôr fim às discussões e retirou em seguida os militares do local. Mas a revolta se manteve na comunidade. Quando eles saíam numa voadeira, três militares foram alvejados, em disparos que teriam sido efetuados por familiares do menor.
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Um grupo de militares voltou ao seringal, passando a promover sessões de torturas psicológicas e ameaças e exigindo o nome do autor dos disparos. Facas e terçados, usados pela comunidade para afazeres domésticos, foram tomados. As famílias ficaram sitiadas por cerca de 48 horas, e as crianças sem poder ir à escola. Segundo um professor da comunidade, até esta sexta-feira não houve aulas.
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Ainda segundo os relatos, os militares encobriram o rosto e imprimiram requintes de crueldade, submetendo alguns civis a sofrimento físico. Os tipos de tortura física relatados incluem afogamento, constrangimento entre pais e filhos e o uso de sacos plásticos para sufocar a pessoa.
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O comandante do 61º BIS, tenente-coronel Jansen, disse por telefone, no fim da tarde de ontem, que as investigações sobre possíveis tortura a membros da comunidade São Salvador serão investigadas exemplarmente. O militar deu garantias à deputada Perpétua Almeida de que irá até a comunidade na próxima terça-feira, numa tentativa de tranqüilizar os produtores.
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