sexta-feira, dezembro 10, 2010

ROUBO DE IDENTIDADE

MILITARES AMERICANOS ENFRENTAM NOVA AMEAÇA: ROUBO DE IDENTIDADE
Uso do número de Previdência Social, identificador para bancos e companhias de cartão de crédito, preocupa autoridades


The New York Times | 10/12/2010 08:01


O governo americano adverte todos a guardar cuidadosamente os seus números da Previdência Social, mas não faz o suficiente para proteger os mesmos números de milhões de pessoas: os soldados, marinheiros, aviadores e fuzileiros navais da nação.

Em bases e postos nos Estados Unidos e ao redor do mundo, os militares continuam a usar seus números de Previdência Social como um documento de identificação pessoal em dezenas de cenários, desde o preenchimento de formulários até para alugar uma bola de basquete na academia. Milhares de soldados no Iraque chegam a pintar os quatro últimos dígitos em suas mochilas.

Foto: The New York Times

Conti (E) se diz preocupado com a utilização do número de identidade
Tudo isso coloca os membros das Forças Armadas sob alto risco de roubo de identidade. Essa é a conclusão de um relatório escrito por um oficial de inteligência do Exército que virou professor em West Point, o tenente-coronel Gregory Conti. O relatório conclui que os militares precisam se livrar da prática que vem sendo difundida desde a década de 1960.

''Os membros do serviço militar e suas famílias sofrem com um ambiente de trabalho que mostra pouca consideração por suas informações pessoais", diz o relatório, acrescentando que os membros do serviço, "as suas unidades, a preparação militar e a eficácia no combate irão pagar um preço alto por isso nas próximas décadas.”

Providências
Representantes dos militares dizem que estão cientes do problema e estão tomando medidas para corrigi-lo, com a Marinha e os fuzileiros navais agindo nos últimos meses. Em 2008, o Departamento de Defesa disse que iria agir para limitar o uso do número da Previdência Social e, em uma declaração divulgada na semana passada, revelou que os números já não irão aparecer nos novos cartões de identidade militar a partir de maio.

Mas, em entrevista, Conti disse que a situação não mudou: ''Quanto mais longe você fica do quartel-general, mais essas políticas são desmentidas pelas realidades operacionais”.

Os números do documento da Previdência Social são valiosos para os ladrões porque eles muitas vezes servem como um identificador crucial quando se trata de bancos e companhias de cartão de crédito. Em mãos erradas eles podem levar a uma cascata de problemas, como a ruína do crédito pessoal que, por sua vez, impede os militares de obter autorização de segurança ou promoções.

Roubos
Em 2009, os números da Previdência Social foram utilizados em 32% dos roubos de identidade em que as vítimas sabiam que suas informações haviam sido comprometidas, de acordo com a Javelin Strategy and Research, que monitora o roubo de identidade.

Oficiais temem que os militares sejam particularmente vulneráveis porque estão posicionados no Iraque ou no Afeganistão, onde podem demorar a saber sobre a fraude.

Gary Tallman, um porta-voz do Exército, disse que o relatório de Conti é "absolutamente factual", acrescentando que a utilização de números da Previdência Social é "algo muito comum". Segundo ele, o ônus recai em grande parte sobre o Departamento de Defesa, que deve conduzir as mudanças, pois utiliza os números "para tantas coisas".

O Departamento de Defesa está a efetuando sua própria análise, e disse em comunicado que pretende informar ao seu pessoal que teriam de justificar o uso dos números e eliminá-lo quando desnecessário. Mas acrescentou que é "extremamente difícil" determinar em que medida o uso dos números dentro da agência levaram ao roubo de identidade.

De sua parte, disse estar particularmente preocupado com algo que viu quando estava no Iraque. ''Pelo amor de Deus, eu pintei partes do meu número de Previdência Social na minha mochila e ele foi memorizado por trabalhadores da lavanderia que buscavam melhorar o serviço ao cliente", disse ele. "Eu passava a pé e eles diziam: 'Número 1234, aqui está a sua roupa, e eles estavam muito orgulhosos do fato”.

*Por Matt Richtel

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