segunda-feira, março 17, 2008

GOVERNO BRASILEIRO PAGA r$ 400.000,00 À "TERRORISTA" E r$ 500,00 PARA A VÍTIMA.


Dois amigos revisitaram, em São Paulo, um lugar onde, há 40 anos, transformaram-se em vítimas de um atentado terrorista. Para um deles, que perdeu uma perna, a injustiça continua.O prédio na avenida Paulista é um dos mais famosos de São Paulo. O conjunto nacional hoje é um centro comercial com lojas, restaurantes e cinemas. Nos anos 60 ali funcionava também um alvo perfeito para o terror: o consulado dos Estados Unidos em São Paulo.
Nesta quarta-feira os amigos Orlando Lovecchio e Edmundo Mendonça têm direito a vaga preferencial. Naquela época, Orlando também usava o lugar como estacionamento. Estudante universitário, ele morava na região e alugava uma vaga no prédio. Sem querer, os dois se viram envolvidos num dos episódios da luta armada entre militantes radicais de esquerda e a ditadura militar. Era madrugada do dia 19 de março de 1968.
“Quando viramos, vimos ali, exatamente naquele cantinho um negócio grande de umas quatro polegadas, cinco polegadas de diâmetro saindo fumaça de dentro e achamos que era um curto-circuito e resolvemos chamar o guarda que a gente conhecia pra ver, falar que tava pegando fogo. Infelizmente, não era pegando fogo, eram quatro bananas de dinamite, que em segundos explodiu. Foram 90 dias de hospital e nove cirurgias com anestesia geral. Depois de oito dias, eu tive que amputar a perna”, conta o anistiado Orlando Lovecchio Filho.
Mas um outro pesadelo ainda estava para começar. Os amigos ainda estavam no hospital quando foram ouvidos pela polícia como suspeitos pela autoria da explosão no prédio do conjunto nacional. Eram os primeiros de muitos depoimentos.
“Eu estava sob o efeito de sedativos, mas eles não queriam saber, me arrancaram do quarto, levaram minha cama para um lugar isolado”, diz o anistiado Edmundo Mendonça.
“A minha casa foi toda revistada, queriam ver os livros que eu lia, nós tínhamos uma coleção de bíblia em casa, levaram a coleção de bíblia e depois voltaram, né, o que um cara vai fazer com uma bíblia no terrorismo?”, comenta Orlando.
O atentado só foi esclarecido com o depoimento, em março de 1971, de Sérgio Ferro Pereira, um dos participantes da ação. Ele disse que recebeu instruções sobre o uso de explosivos de Diógenes José de Carvalho Oliveira, um dos chefões da VPR, a vanguarda popular revolucionária, grupo de extrema esquerda que organizou atentados durante a ditadura.
Nesta quarta-feira o jornalista Elio Gaspari revelou que o autor do atentado e sua vítima tiveram tratamentos diferentes do governo.
Orlando ganhou, em 2004, apenas o direito a uma pensão vitalícia, que hoje é de R$ 571.
Diógenes, beneficiado por uma lei que trata de reparações econômicas a presos ou torturados pelo regime, recebeu 400 mil reais de indenização e mais uma pensão mensal de 1,6 mil reais, o triplo do que ganha Orlando, a vítima.
Diógenes seguiu carreira como advogado e trabalhou em administrações do PT em Porto Alegre e chegou a ser tesoureiro do partido, do qual se desfiliou.
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Fonte: G1
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