sexta-feira, abril 04, 2008

A SEDUÇÃO DA FARDA.

COMPORTAMENTO
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A SEDUÇÃO DA FARDA
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Apesar dos baixos soldos e do desprestígio da carreira, jovens de classe média buscam as academias militares. O que os atrai para as Forças Armadas?

Os salários estão defasados há quase uma década, a farda já não exerce o mesmo fascínio de outros tempos e a carga de estudos exigida é muito grande. Apesar disso, todos os anos milhares de jovens brasileiros escolhem a carreira militar como opção profissional. São adolescentes de classe média, a maioria da região Sudeste, que deixam de lado o vestibular convencional para sonhar com uma vaga de oficial no Exército, na Marinha ou na Aeronáutica, o equivalente a uma ocupação civil de nível superior. Procuram realização profissional e sabem que não são muitos os benefícios financeiros, mas consideram que há compensações, como a estabilidade e o ambiente disciplinado. “Sei que há outras profissões com remuneração melhor, mas tenho grande vontade de ser militar, é uma carreira muito bonita”, acredita o carioca Miguel Lucio, 17 anos, que estuda com afinco para ingressar na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga. “Além disso, tem a vantagem da estabilidade”, completa. Em 2007, cerca de 30 mil jovens que pensam como Miguel tentaram as vagas de oficial oferecidas pelas três Armas.

Além da AFA, que pertence à Aeronáutica, também a Escola Naval (EN), da Marinha, e a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), do Exército, servem de acesso à carreira militar. Segundo uma pesquisa feita pela Marinha, a maior parte dos jovens, 64%, se torna oficial por causa de itens como “realização profissional” e “organização e disciplina”, o que confirma sua vocação natural. A “estabilidade” na profissão também seduz: 62% citam esse fator. Já a remuneração não atrai: apenas 8% decidiram pela carreira de olho no soldo.

A Aman é a unidade mais visada pelos estudantes de todo o País. Atualmente, ali são preparados 1.750 cadetes, submetidos a quatro anos de formação. Além da rigorosa preparação de guerra, com exercícios físicos, sessões de tiro, equitação e outros treinamentos de batalha, os cadetes da Aman também têm uma atividade intelectual puxada. O ensino de ciências exatas, geografia, história e línguas rivaliza com as principais universidades brasileiras. Outra meta – talvez a principal – é passar noções de liderança, um dos pontos que mais atraem o jovem. “É muito boa a possibilidade de ser um multiplicador. Vamos poder repassar à tropa conhecimento e valores”, acredita o cadete João Gabriel Álvares, um mineiro de 20 anos.

Ao começar a atuar como oficiais, os jovens receberão remuneração em torno de R$ 3 mil. No topo da trajetória militar, depois de décadas de serviço, esse soldo pode chegar, no máximo, a R$ 14 mil. “Quem ingressa nessa função não deve pensar em ficar rico. Mas terá o suficiente para levar uma vida digna”, define o general-de-brigada Gérson Menandro, comandante da Aman. A academia tem uma extensa tradição. Em 1810, dom João VI criou a Academia Real Militar, embrião da instituição atual. Do livro de visitas constam assinaturas do duque de Caxias, do presidente Getúlio Vargas e do presidente americano Dwight Eisenhower, entre outras personalidades.

O alto nível de ensino também é a marca dos cursos preparatórios de oficiais das outras Armas. A Escola Naval é a mais antiga instituição universitária em atividade no País. Foi criada ainda em Lisboa em 1782 e transferida para o Brasil com a vinda da família real. A Academia da Força Aérea (AFA) exerce grande fascínio sobre os jovens, já que muitos querem se tornar aviadores. Outro atrativo é o fato de a Aeronáutica ser a única força em que as mulheres podem ser oficiais de carreira. Nos cursos pré-militares, o percentual de jovens do sexo feminino que pretendem ser aviadoras é significativo. “Acho que a AFA é um bom caminho, onde eu poderia também estudar odontologia”, acredita a candidata Jéssica Souza, 17 anos. Ela diz que a exigência física não a assusta e elogia a estabilidade da carreira. O salário é o que a faz titubear. “Considero ainda a possibilidade de ingressar na Marinha Mercante.”

A defasagem na remuneração tem pesado bastante. O último reajuste salarial às tropas foi concedido em agosto de 2006. “Hoje, os candidatos são pessoas com vocação para a vida militar e não buscam mais altos ganhos na carreira”, garante André Barbosa, dono do Curso Seleção, de Brasília, que há 27 anos prepara estudantes para esse tipo de concurso. Por causa do descompasso salarial, os jovens têm procurado menos os cursos pré-militares. No Seleção, os últimos três anos foram difíceis. “O número de alunos caiu 50% nesse período”, diz Barbosa. Também o Tamandaré, um dos cursos mais tradicionais do País na área, fundado no Rio de Janeiro em 1951, registrou uma queda de 20%. “Muitos jovens que seguiriam a carreira militar têm preferido prestar concursos públicos para carreiras civis, onde a remuneração é maior”, diz o professor Carlos Alberto Guerra, coordenador do Tamandaré.

Mesmo os já formados seguem esse caminho. Desde 2006, 385 oficiais de carreira deixaram o Exército, 27 deles somente em 2008. “A maioria passou em concursos públicos civis”, diz o deputado federal e capitão Jair Bolsonaro (PP/ RJ). Apesar disso, ingressar na carreira militar ainda é a meta de muita gente e o número de candidatos se mantém estável nos últimos anos. Gregory Bastos, 17 anos, que estuda no Tamandaré, quer entrar para qualquer das três Forças. “Vou tentar a AFA, a Escola Naval e a Aman”, diz ele. Nesse caso, vocação não vai faltar.



FONTE: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2000/artigo73723-1.htm

Um comentário:

  1. oiiiiiiii prazer meu nome é marcela tenho 13,anos eu fasso parte de um pré-militar adimiro o trabalho de vocês eu sou de tibau o nosso Q.G é aqui mesmo mais queremos lutar para conseguir mais, jovens para o nosso quartel eu tenho 13 anos e sou 1º classe i com muito orgulho i parabéns para vocês...bjuhssssssss

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